Ameaça de Pato e blindagem de Tite: histórias que você nunca leu de Sheik

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Foram 157 jogos, 26 gols, cinco títulos ao longo de cinco temporadas e muitas histórias.

Aos 36 anos e a caminho do Flamengo, Emerson Sheik encerrará sua trajetória no Corinthians no próximo sábado, contra o Internacional, e ficará marcado como um dos principais ídolos corintianos, sobretudo na fase que se iniciou com a Série B 2008.

Protegido pela diretoria e comissão técnica e querido pela torcida, Sheik conquistou tudo graças a atuações marcantes em momentos fundamentais e gols decisivos, em especial aqueles que deram a Copa Libertadores ao Corinthians. Mas, a seu estilo, também teve sequências ruins, indisciplinas e polêmicas (ver fim da matéria). Mais que um ídolo, Emerson foi personagem singular. Há boas histórias que comprovam isso.

Corinthians não queria Emerson Sheik. O nome era Gilberto.

Então no Santa Cruz, o centroavante Gilberto era a primeira opção da lista de reforços para o ataque do Corinthians no Campeonato Brasileiro 2011. A direção corintiana tinha tudo certo com ele e preparava o anúncio até que o Internacional fez uma oferta maior e levou o jogador.

Dispensado pelo Fluminense porque cantou música do Fla no ônibus tricolor, Emerson foi sugerido pelo diretor Duílio Monteiro Alves ao então presidente Andrés Sanchez. A primeira resposta foi não, mas após insistências e negociação dura por salários, Sheik foi contratado. A carreira dele nunca mais foi a mesma.

Amizades no elenco? Sheik preferia diretoria e comissão técnica

Em cinco temporadas, não houve um jogador que se tornasse grande amigo de Emerson, daqueles inseparáveis. A personalidade ousada e o apreço pela vida noturna atraíram o ex-diretor de futebol Duílio Monteiro Alves e o ex-presidente Andrés Sanchez, aqueles de quem Sheik mais se aproximou a ponto de frequentar a casa Vila Mix ou os bares da Vila Madalena.

Além da direção, foi na comissão técnica, especificamente na preparação física, que Emerson fez grandes amigos. Funcionários do Corinthians apontam os auxiliares Shih Chien Chan Junior e Flávio Furlan como parceiros feitos por Sheik no clube.

Tite sofreu grande pressão para barrar Emerson Sheik no Mundial de Clubes

Emerson teve fases e fases no Corinthians e a temporada 2012 ilustra bem isso. Jogador fundamental para a conquista da Copa Libertadores, ele teve um segundo semestre de pouca dedicação e futebol ruim. A ponto de Tite, na preparação e durante o Mundial de Clubes, ser bastante cobrado pela diretoria para que barrasse Sheik.

Naquele momento, o argentino Martínez, contratado por uma quantia considerável, era apontado como o jogador correto para ser titular. Havia, ainda, a possibilidade de que Romarinho conquistasse o lugar. Tite bancou Emerson, que mesmo sem grandes atuações, contribuiu em campo para a conquista do título mundial no Japão.

Para se atrasar, licença da diretoria e helicóptero grátis

Logo depois de uma derrota para o Grêmio em Porto Alegre, em 2013, Tite descobriu dentro do ônibus da delegação que Emerson havia sido liberado pela direção para voltar direto ao Rio de Janeiro. O episódio é exemplo de como Sheik teve regalias, principalmente por conta de sua paixão pela vida carioca.

Na primeira passagem pelo clube, em especial, foram inúmeras as vezes em que ele realizou treinos regenerativos pela tarde enquanto o elenco havia trabalhado pela manhã. Ou, ainda, as ocasiões em que a atividade foi atrasada porque Emerson estava atrasado da volta ao Rio.

Em uma dessas vezes, ele chegou ao treinamento de helicóptero diante dos jornalistas, mas nem teve que pagar por isso. Um membro de seu estafe assume que um amigo mais velho de Emerson Sheik possui uma frota de helicópteros e jamais cobrou para leva-lo pessoalmente a São Paulo.

Márcio ou Emerson? Em aeroporto, já deu problema

É pública a história de que o nome de batismo do atacante, na verdade, é Marcio. Mas foi graças a uma adulteração de documento, na adolescência, que ele ingressou como Emerson nas divisões de base do São Paulo. Para o Corinthians, isso já rendeu alguns problemas.

Em viagens semanais, o elenco corintiano se acostumou a ver Sheik deixar funcionários de aeroportos confusos ao checarem seus documentos e se depararem com o nome Márcio André Santos de Albuquerque.

Nervoso, Pato ameaçou agredir Sheik depois de derrota

O Corinthians fez grande jogo pela 3ª rodada do Brasileiro 2013, contra o Cruzeiro, mas saiu derrotado por 1 a 0. O principal motivo foram quatro oportunidades claras de gol que Alexandre Pato desperdiçou.

Àquele momento, já era notório o ciúme de Emerson, campeão mundial, pela chegada de um jogador badalado e que ganhava mais para ocupar seu lugar. Nos microfones, Sheik ironizou o desempenho do colega ao dizer, na saída do gramado, “quem não faz, leva”.

A atitude irritou bastante a Alexandre Pato, que se sentiu provocado pelo companheiro de equipe. Coube ao gerente de futebol Edu Gaspar apaziguar os ânimos de Pato, que prometeu partir para cima do colega se aquele tipo de atitude se repetisse.

Se Tite não saiu, o maior responsável foi Emerson

As intervenções de Emerson foram as mais importantes para que Tite não deixasse o Corinthians durante o terrível segundo semestre de 2013. O treinador chegou a pedir demissão depois de derrota por 4 a 0 para Portuguesa. Foi Sheik quem se prontificou, ao lado de outros jogadores, a participar de entrevista coletiva no lugar do técnico.

Mais tarde, na volta ao hotel em Campo Grande-MS, Emerson levou metade do elenco ao quarto do treinador e voltou a pedir que ele revisse a posição de deixar o cargo. “O Emerson é um cara que tem presença e intimida o resto. É corajoso. É linha de frente. Faz o que acha certo e paga a conta por isso”, conta um amigo.

Mano Menezes tolerou dois vacilos de Sheik. No terceiro…

Impor mais rigidez ao vestiário foi uma das razões para que o ex-presidente Mário Gobbi optasse pela saída de Tite e o retorno de Mano Menezes. Emerson Sheik, porém, não topou mudar de comportamento e seguiu o roteiro de eventuais atrasos e desrespeito às normas.

O primeiro erro de Sheik foi alertado pelo treinador, que também tolerou o segundo vacilo. Na terceira ocasião, Mano sequer conversou com Emerson e a diretoria deu sequência à transferência dele para o Botafogo. Publicamente, o atacante chegou a fazer críticas duras ao comandante. Já em ocasião recente, ao ser comunicado de que não teria o contrato renovado, ele agradeceu à atual direção por supostamente tratá-lo com mais respeito que Gobbi e Mano.

 

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