Corinthians busca acordo que afrouxaria dívida do estádio na próxima gestão

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  • Rodrigo Coca/Estadão Conteúdo

    Somente oito parcelas do financiamento da Arena Corinthians foram pagas

    Somente oito parcelas do financiamento da Arena Corinthians foram pagas

O pagamento da Arena Corinthians deve ganhar mais um capítulo em breve. A atual gestão do clube alvinegro se aproximou de um acordo com a caixa Econômica Federal para o parcelamento de uma dívida referente ao estádio. Nessa negociação, o prazo seria mantido, mas os próximos repasses teriam um valor mais baixo.

A ideia do clube é modificar as parcelas pelos próximos três anos e chegar em um valor mais acessível no próximo triênio. O argumento é que a situação financeira atual, somada ao cenário da economia brasileira, transformam esse período específico o mais complicado para os cofres do Corinthians. Por isso, o próximo triênio teria mensalidades reduzidas para, a partir de 2020, atingir um patamar superior ao atual, deixando os últimos oito anos de contrato mais “pesados”. 

Se tal cenário virar realidade, as contas do estádio seriam afrouxadas justamente no triênio 2018, 2019 e 2020, cuja gestão será definida na eleição de fevereiro do ano que vem. A tendência é que, com o novo acordo, o Corinthians desembolse R$ 3 milhões mensais para o pagamento da dívida relativa ao financiamento do BNDES, no valor de R$ 400 milhões, sem a inclusão dos juros. Esse valor ficaria abaixo dos R$ 5,7 milhões repassados pelo clube entre julho de 2015 e março de 2016.

Após 2020, porém, já em nova gestão, o repasse mensal sofreria um acréscimo em relação a essas primeiras parcelas, a fim de honrar o compromisso de pagar a dívida em 2028.

De acordo com a apuração do UOL Esporte, a manutenção do prazo é importante para a atual gestão do clube para evitar a maior incidência de juros, que chegariam a R$ 165 milhões até esse período. No planejamento corintiano, a flexibilização das próximas parcelas dariam tempo necessário para que o clube turbine as receitas da Arena. Nesse cenário, os naming rights voltariam a ser encarados como fundamentais para o pagamento pós-2020.

No fim do ano passado, membros da diretoria asseguravam que o novo parcelamento havia sido fechado com a Caixa Econômica, mas ele não foi anunciado até o momento. Hoje, ele é tratado como iminente e deve sair após trâmites burocráticos.

Oposição se manifesta

A oposição corintiana, porém, faz duras críticas no modo em que a situação conduz a negociação. Segundo eles, as conversas são obscuras e feitas sem consultas ao Conselho Deliberativo.

“Isso precisa ser muito discutido com o clube. O clube inteirinho tem de participar e assumir uma solução. Não tenho dúvida que se eles fizerem uma negociação sem ouvir todo mundo, o ano que vem, se houver mudança de diretoria, a nova gestão rasga tudo. Se não passar pelo Conselho, rasga tudo. O acordo tem de ser em mesa aberta, com todo mundo sabendo de tudo”, ressaltou Max Anselmo Carvalho, um dos suplentes do Conselho Fiscal do clube.

Mas, para o ex-diretor financeiro do clube, Raul Corrêa, o conselho será consultado em algum momento. Ele ainda apontou que ainda há indefinições ligadas diretamente ao valor final da construção.

“A diretoria está fazendo contatos de renegociação, pois a crise econômica afetou o planejamento inicial. Isso está correto, o cuidado a ser tomado é que o empréstimo original foi muito discutido e bom para o clube. Não creio que a diretoria tome qualquer decisão sem consultar o Cori e o Conselho, pois, pelos valores envolvidos é estatutário. Não podemos esquecer que devem existir negociações com a construtora que envolvem conclusão de serviços na obra e também a análise do relatório da auditoria realizada. Tudo isso impacta no endividamento total”, ressaltou.

Daniel Vorley/AGIF

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Estádio corintiano já recebeu 113 partidas do time alvinegro desde maio de 2014

Antonio Roque Citadini, por sua vez, tem um tom mais crítico sobre as contas da Arena Corinthians. De acordo com ele, falta transparência na condução do tema.

“Qualquer decisão tomada pela presidência precisa passar pela aprovação do Conselho. Está em ata, foi acordado. O Profut também pede que o Conselho tome essa decisão. Isso não está acontecendo. Não houve análise do Conselho e nem da oposição. Os conselheiros vitalícios podem fazer isso. Está faltando transparência”, disse o dirigente que será candidato à presidência em fevereiro

A situação, até agora, não tem um candidato definido. Em junho, o UOL Esporte mostrou que aliados já veem a candidatura de Andrés Sanchez como uma certeza, embora o ex-presidente negue a posição.

Vale lembrar que a situação corintiana está no poder desde o fim de 2007. Além de Andrés Sanchez, Mário Gobbi Filho e, atualmente, Roberto de Andrade, estão à frente da chapa “Renovação & Transparência”.

Na última terça-feira, o Cori (Conselho de Orientação do Corinthians) rejeitou uma exigência da Caixa Econômica encaminhada ao órgão pelo presidente do clube, Roberto de Andrade. Nela, as receitas do programa de sócio-torcedor do alvinegro passariam a ser entregues para o banco. O dinheiro seria usado justamente para quitar parte da dívida referente ao estádio. Dessa forma, a proposta nem chegou a ser encaminhada ao Conselho Deliberativo do clube.

“Nós queremos pagar as prestações, mas no valor atual não conseguimos. Estamos pedindo para reduzirem o valor e eles pediram mais uma garantia. Não concordo porque eles já têm uma garantia [que seriam as rendas das partidas]. Se não aceitarem, vão continuar sem receber, o que não é a nossa vontade”, disse André Luiz de Oliveira, vice-presidente do Corinthians, em entrevista ao Blog do Perrone no último dia 29.

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