Corinthians deixou sair Marcinho, surpresa do SP no ano, por R$ 400 mil

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  • Rodrigo Coca/Agência Corinthians

    Marcinho (número 9) em ação pela base do Corinthians: virou destaque tricolor

    Marcinho (número 9) em ação pela base do Corinthians: virou destaque tricolor

Em 31 de março de 2015, um dos primeiros atos da administração de Roberto de Andrade no que diz respeito às divisões de base do Corinthians foi a liberação daquele que é, hoje, uma das poucas surpresas do São Paulo no Campeonato Brasileiro.

Marcinho, atacante de 22 anos, deixou a base corintiana após três temporadas porque não havia alcançado acordo pela permanência no Corinthians. Segundo apurou a reportagem, a aquisição do jogador em definitivo custaria R$ 400 mil. A direção do clube, naquele momento, optou então pela saída do jovem.

“Durante os três anos do contrato, se o Corinthians quisesse manter o Marcinho, precisava pagar um valor para a compra dele. No fim do contrato, o Corinthians queria estender por mais um ano para avaliar melhor o jogador. Então o atleta e eu achamos que não precisava de mais um ano para definir e optamos pela saída”, confirma o empresário e ex-jogador Roni. 

Foi justamente ele que, em 2012, havia apostado na mudança de Marcinho do Vila Nova-GO, em que chegou a atuar nos profissionais com só 16 anos, para o Corinthians. “Nessa época, as empresas podiam comprar o jogador, então eu comprei”, recorda o agente, cuja passagem mais marcante como atleta foi pelo Fluminense. 

O período da saída de Marcinho coincide justamente com as primeiras semanas da gestão de Roberto. Em janeiro daquele ano, quando Mário Gobbi finalizava sua passagem, o jogador foi campeão da Copa São Paulo, o que encerrou uma sequência de títulos que tinha se iniciado com o Paulista e o Brasileiro Sub-20. Mas, naquele momento, alternou entre a equipe titular e a reserva, o que deixou dúvidas se valia o investimento. 

Hoje auxiliar de Fábio Carille nos profissionais e na época treinador do Sub-20, Osmar Loss queria ter mantido o atacante no clube. “Nessa época, ele não seria promovido, mas o Osmar falou comigo e pediu que ficasse”, conta Roni. “O Osmar dizia que ele tinha potencial para ficar. Foi um dos treinadores com quem o Marcinho mais aprendeu. Ele dizia que faltava mais confiança do jogador, cobrava muito para que evoluísse”, explica o agente. 

Marcinho se destacava pela parte tática e chamou atenção por religiosidade

Marcello Zambrana/AGIF

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Marcinho comemora gol contra o Atlético-MG

Parceiro do Corinthians na época, o Flamengo de Guarulhos chegou a abrigar Marcinho por empréstimo. Com só 16 anos, ele jogou a Copa São Paulo de 2013 pela equipe como forma de adquirir experiência. Nessa época, teve como um de seus companheiros o zagueiro Pedro Henrique, hoje nos profissionais. 

“Era um menino muito educado, muito bom taticamente e dedicado dentro e fora do campo”, conta Leandro Floriano, que trabalhou com Marcinho no Corinthians e no próprio Fla Guarulhos. “Era uma formiguinha, como a gente diz. Um jogador que corria, que driblava e que não me surpreende pelo sucesso, porque prometia muito”, explica o atual treinador da base do Figueirense. 

Na Copa São Paulo de 2013, Marcinho teve uma participação curiosa naquela que foi a única vitória do Flamengo, com um time bastante jovem para a idade limite da competição. O duelo era contra o Vila Nova, antiga equipe dele, que procurou Floriano para explicar como atuavam os ex-companheiros. “Tudo que ele me disse correspondeu. O Marcinho era um menino com conhecimento tático, isso chamava atenção. Nesse dia, vencemos por 4 a 1”, recorda.  

Já no Corinthians, Leandro Floriano pediu à diretoria que resgatasse Marcinho do empréstimo no Flamengo para que participasse dos juniores. Nessa época, um ponto chamava a atenção no grupo: muitos jogadores frequentavam a igreja e, na avaliação da comissão técnica, eram muito bonzinhos dentro de campo, inclusive o hoje são-paulino. O pedido então foi para que mantivessem a postura correta, mas que não deixassem de ser competitivos. 

Esse foi um ano complicado para Marcinho, que perdeu o irmão de apenas oito anos, uma história contada por ele mesmo em recente entrevista ao UOL Esporte. Leandro Floriano recorda que a religiosidade ajudou o então jogador do Corinthians a digerir a situação difícil e voltar ao trabalho. “Ele foi muito maduro com tudo isso”, lembra. Mas, segundo profissionais da base do clube à época, a distância da família em Goiás também afetou o rendimento dele por algum momento. 

Sem acordo para seguir no Corinthians, Marcinho e Roni apostaram numa ida à Ponte Preta, onde jogaria no Sub-20 durante 2015 para depois ser profissionalizado. O então gerente de futebol Gustavo Bueno, porém, preferiu rescindir o contrato do atacante sem oferecer uma promoção. Assim, em 2016, ele teve uma temporada de destaque pelo Remo na Série C do Brasileirão e conseguiu, enfim, vingar no futebol definitivamente com um bom Paulistão pelo São Bernardo, o que atraiu Rogério Ceni e o São Paulo. 

Em momento de muitas entradas e saídas, além de desempenho irregular, Marcinho tem se destacado e joga de ala, meia e atacante. Foi titular nas 10 rodadas do Brasileiro, será comprado por R$ 1,4 milhão e até foi tema recente de palestra no Figueirense. “Mostrei aos meus atletas os lances do Marcinho contra o Palmeiras. É um exemplo de jogador dedicado e com talento. Nesse dia, deu uma assistência perfeita para gol do Pratto”, conta Floriano. 

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