Corinthians já sofreu nas mãos de Amarilla até com Grondona contratado

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Agora irritado com os indícios da participação de Julio Grondona em sua eliminação na Copa Libertadores de 2013, o Corinthians já teve em sua lista de empregados um filho do poderoso dirigente argentino. Em 2006, justamente na tentativa de se beneficiar do conhecimento dos meandros da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), o clube apelou, sem sucesso, a Humberto Grondona. Como se repetiria sete anos mais tarde, a campanha no torneio continental foi encerrada com papel decisivo do juiz Carlos Amarilla.

A atuação do paraguaio ficou diluída na revolta dos corintianos com o próprio time – em noite de tentativa de invasão em massa do campo no Pacaembu, com derrota por 3 a 1 -, mas seu trabalho já havia sido feito uma semana antes. No Monumental de Núñez, na vitória por 3 a 2 do River Plate, o árbitro foi ao menos tão determinante quanto a fragilidade defensiva alvinegra.

Auxiliado por Ricardo Grance e Amelio Andino, o juiz deu seu cartão de visitas à Fiel anulando um gol legal de Tevez, como faria com Romarinho e Paulinho. Antes disso, ainda no primeiro tempo, preferira não mostrar o vermelho a Ferrari – autor de belo gol na sequência – por falta dura em Mascherano. Bem mais rigoroso foi com o próprio Mascherano, expulso por falta que nem cometeu.

“Jogar contra os bandeiras e o árbitro não dá!”, esbravejou, ainda no Monumental, o técnico Ademar Braga. Após quase dez anos, como mostrou em contato com a Gazeta Esportiva, a raiva não passou. “Ele anulou gol que não era para anular, expulsou o Mascherano sem necessidade… Pô, não foi nada! O cara (Gallardo) foi dominar e se jogou lá para fora.”

Para quem estava dentro do campo, além dos lances capitais, chamou a atenção o comportamento autoritário de Amarilla. “Ele não dava nem espaço para a gente conversar com ele. Ficava falando que ia expulsar um e outro, que ia colocar para fora”, recordou o zagueiro Marcus Vinícius, observando claras semelhanças com o Corinthians x Boca Juniors de 2013. “Foi o mesmo que aconteceu com o Emerson.”

A referência ao Sheik é uma das muitas queixas dos corintianos em relação a seu último encontro com o paraguaio, este no Pacaembu. Ao reclamar de um pênalti claro de Marin, que meteu a mão na bola logo no começo do jogo, Emerson viu o cartão amarelo lhe ser exibido de maneira espalhafatosa. O árbitro ainda anulou dois gols legais do Corinthians e ignorou outro pênalti pedido pelo atacante.

Na esteira das atuais investigações sobre corrupção no futebol, surgiu nesta semana um telefonema no qual Julio Grondona – presidente por décadas da Associação do Futebol Argentino (AFA), morto no ano passado – apontou Carlos Amarilla como “maior reforço do Boca”. Na mesma ligação, Abel Gnecco, representante argentino na arbitragem da Conmebol, gabou-se de ter forçado a escalação do paraguaio no Pacaembu.

Para o técnico Tite, o Corinthians não buscaria o resultado “nem se estivesse jogando até hoje”. Diferente do que aconteceu em 2006, quando, apesar de Amarilla, havia esperança no jogo de volta. Aí, as falhas de Coelho e Betão fizeram a Fiel transferir seu ódio a outros personagens. Derrotado em casa, o time alvinegro foi eliminado nas oitavas de final e viu ruir de vez o que havia arquitetado com a presença de Humberto Grondona, contratado duas semanas antes da estreia na Libertadores.

O filho de Julio Grondona foi anunciado como um profissional para coordenar as categorias de base e atuar como um consultor para a competição sul-americana. Os dirigentes do Parque São Jorge citavam o São Paulo como exemplo de força nos bastidores na conquista continental do ano anterior e viam em Humbertito, como era conhecido, alguém capaz de fazer a balança pender para o lado preto e branco.

Não foi bem assim. Na conturbada relação entre o Corinthians e a investidora MSI, o argentino se indispôs com o vice-presidente do clube, Nesi Curi, que tinha histórico domínio sobre a base. Posteriormente, também se desentenderia com o técnico Emerson Leão e deixaria o Brasil aparentemente sem cumprir os papéis para os quais havia sido contratado.

“Não me recordo direito dele. Cheguei no final da gestão daquele pessoal russo”, disse o diretor de futebol da época, Edvar Simões. A contratação de Edvar, na verdade, foi anunciada no mesmo pacote que incluía Humberto, mas o ex-jogador de basquete voltou a se ocupar com seu esporte favorito depois que se desligou do futebol e não parece afeito a reminiscências.

O pessoal russo referido por ele são os investidores da MSI – liderados, de acordo com investigações da Polícia Federal, por Boris Berezovsky. Quem respondia como presidente do fundo era o iraniano Kia Joorabchian, que foi justamente o responsável pela indicação de Humbertito e se irritou com o presidente Alberto Dualib quando o argentino foi demitido.

“Eu tinha contato com ele, todo o mundo tinha contato com ele, mas ele pouco interferia, era mais um observador mesmo. Ele ficava por lá, mas não trabalhava no campo, nas reuniões, nada”, afirmou o técnico Ademar Braga, esforçando-se para reavivar a memória. “Eu realmente não sei te dizer o que ele fazia lá. E olha que passei um bom tempo no Corinthians, viu?”

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