Empresa leva metade da receita do Corinthians com sócios-torcedores

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Dono da terceira melhor média de público em casa no Campeonato Brasileiro (31.552), atrás apenas de Flamengo (34,940) e Palmeiras (32.026), o Corinthians conta com o apoio de sua torcida para conseguir os bons resultados em Itaquera – é o melhor mandante da competição (89% dos pontos conquistados).

Desde o início do ano, o número de sócios-torcedores triplicou, com novos planos e ações de marketing, passando de cerca de 44 mil para 129,123 mil contribuintes.

O número dá ao clube o segundo melhor posto no ranking de sócio-torcedores, atrás apenas de Internacional (veja quadro abaixo). O ranking, chamado Torcedômetro, é feito pela fabricante de bebidas Ambev, dona do Movimento Por Um Futebol Melhor, uma espécie de clube de vantagens para o torcedor.

O problema, no entanto, é que a receita ainda fica abaixo do esperado em relação ao número de sócios –o time é apenas o sexto colocado, atrás de outros times com menos torcedores cadastrados– por causa do contrato comercial feito com a Omni, empresa que cuida do programa Fiel Torcedor.

Cerca de 50% do dinheiro arrecadado com o programa vai para a Omni e não fica nos cofres do clube, segundo o contrato firmado com o Corinthians, ao qual a Folha teve acesso. A reportagem também confirmou a informação com dirigentes do clube.

A porcentagem, que é aplicada em cima do valor bruto arrecadado, é bem acima da taxa praticada no mercado, que varia de 5% a 30%, segundo levantamento feito com outros times. No caso do Corinthians, é a Omni quem paga todos os custos para manter o Fiel Torcedor –isso varia de clube para clube.

O presidente do clube, Roberto de Andrade, já informou a conselheiros que está renegociando o acordo, mas o assunto é tratado como tabu internamente no Corinthians. Procurados, os departamentos de marketing e financeiro não quiseram comentar nem responder às perguntas feitas pela reportagem. Andrade disse que também não falaria sobre o assunto.

A empresa Omni também não quis comentar –informou apenas que era para a reportagem procurar o Corinthians.

Em uma reunião do Conselho Deliberativo do clube, porém, o mandatário foi questionado sobre as receitas do sócio-torcedor, ouviu pedidos de explicações dos conselheiros e disse que iria tentar melhorar o contrato, fazendo com que mais dinheiro ficasse no Parque São Jorge. Algumas reuniões entre a empresa e a diretoria já aconteceram, mas ainda não houve mudanças.

No documento ao qual a Folha teve acesso, aparece inicialmente uma outra forma de divisão: quanto mais sócios o Corinthians tivesse, menos ele repassaria para a Omni. O contrato havia sido feito assim porque foi a parceira quem investiu a maior parte do dinheiro para colocar o programa em funcionamento.

Chegando perto de 100 mil sócios, por exemplo, a porcentagem do alvinegro seria de 95% de toda receita.

Em algum momento, porém, houve uma mudança no acordo. O novo acerto foi feito subdividindo o número de sócios em blocos de milhares, de modo que a porcentagem seja taxada em cima dessas unidades e não do total, fazendo sempre com que o clube não aproveite a vantagem do “quanto mais sócios, menos a pagar”.

A expectativa de receita bruta neste ano é de R$ 18 milhões –até agora foram arrecadados R$ 12 milhões–, levando em consideração o que foi arrecadado no ano passado, já contando o aumento de fiéis durante esta temporada. A parte do Corinthians, portanto, ficaria em R$ 9 milhões.

Uma observação é que alguns clubes contam a bilheteria na conta da receita do programa, como é o caso do Internacional, que tem os ingressos já contabilizados no sócio-torcedor.

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