Fábio Santos volta ao Timão para ser homenageado e diz: ‘Queria ficar’

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“Cara, eu estou dando muita risada com meu empresário (Álvaro Cerdeira) aqui. Ele acha que sabe espanhol, mas fala umas palavras em italiano e acha que está certo (risos).”

Fábio Santos pode ser resumido pela forma como atendeu ao telefonema da reportagem do GloboEsporte.com na quinta-feira à noite. O “aqui” citado por ele é a Cidade do México, sua nova casa. Horas antes, o lateral-esquerdo assinou contrato até a metade de 2017 com o Cruz Azul, um dos gigantes do país, mas que não conquista o título nacional desde 1997.

Contratado em 2011 para ser reserva de Roberto Carlos, Fábio Santos assumiu a vaga de titular com a saída do pentacampeão e agora se despedirá do Corinthians com seu nome na história. Dono de cinco títulos, entre eles nada menos que uma Libertadores e um Mundial de Clubes, o jogador será homenageado pela diretoria minutos antes da partida contra o Figueirense, neste sábado, em Itaquera.

A despedida serve como um alento para uma negociação que desagradou companheiros de elenco e o técnico Tite nas últimas semanas. O lateral foi obrigado aceitar uma das ofertas que recebeu depois de ouvir da diretoria que poderia não renovar seu contrato em dezembro. Sincero, Fábio admitiu:

“Eu queria ficar”, disse.

Líder do elenco, homem de confiança de Tite, respeitado pela torcida…Fábio Santos fecha um ciclo vitorioso construído em 214 partidas e 14 gols marcados. Agora, é mais um nome na lista de campeões mundiais que estão dando adeus do Timão neste ano – Emerson e Guerrero também já foram. Danilo e Ralf são os próximos alvos da reformulação alvinegra. Restará apenas Cássio.

“Fiz muitos amigos no Corinthians, dentro e fora de campo. Tudo ficou marcado. Conquistar a Libertadores é difícil, mas o Mundial de Clubes, contra uma equipe europeia, é muito mais difícil. Isso tem de ser valorizado. São momentos especiais que vou guardar para sempre.”

Confira abaixo a entrevista com Fábio Santos:

GloboEsporte.com: Como foi a recepção no México?
Fábio Santos: Foi legal para caramba. Não esperava receber o carinho que o pessoal demonstrou. Foi muito legal mesmo. Tive pouco contato com os jogadores. Vim fazer os exames e assinar o contrato. A estrutura é muito boa, com ótimas condições de trabalho. Agora, tenho que assinar minha rescisão com o Corinthians.

A negociação foi rápida…
Fiquei sabendo do interesse pelo meu empresário. Até então, eu achava que era só uma consulta, não demos tanta importância. Mas depois foi ficando sério e essa procura aumentou a cada dia. Fui procurar informações sobre o clube e aí começamos a conversar com o Corinthians.

Mas sua ideia era sair?
Eu queria ficar. Eu falei para meu empresário esgotar todas as possibilidades com o Corinthians. Nem chegamos a falar de valores. A situação do clube não permite isso. Mas a intenção era ter ficado por estar adaptado, gosto do clube. Mas, por outro lado, tive uma baita oportunidade de acertar com o Cruz Azul.

Você ficou chateado com o fato de o Corinthians não ter tentado segurá-lo?
Os dirigentes foram muito sinceros comigo e falaram para aproveitar a oportunidade, porque meu contrato poderia não ser renovado no fim do ano. Não fiquei chateado, mas esperava ser valorizado, ter um contrato de dois ou três anos. Mas sei que a situação financeira do clube não permite isso hoje.

A informação vinda dos bastidores é de que o Tite ficou irritado com a diretoria por liberar você e que ele até se emocionou ao se despedir…
Na verdade, procurei evitar ao máximo me despedir. Quero falar com cada um (dos jogadores). Não foram só dois meses de clube, tive conquistas importantes. Tenho certeza de que vou falar mais com o Tite. Se trocarmos mais do que cinco palavras, com certeza vamos nos emocionar.

O que você poderia falar para o Uendel e para o Guilherme Arana (deve voltar de empréstimo do Atlético-PR) agora que são seus substitutos?
O começo é sempre o mais difícil. Eu substituí o Roberto Carlos, ninguém esperava isso. Fui conquistando meu espaço. É dentro de campo que vai dizer. Qualidade e personalidade eles têm. Acho que eles podem dar sequência ao trabalho, estão com um baita treinador para dar confiança. Vou estar torcendo.

Qual vai ser a primeira lembrança quando pensar no Corinthians?
Fiz muitos amigos no Corinthians, dentro e fora de campo. Tudo ficou marcado. Conquistar a Libertadores é difícil, mas o Mundial de Clubes, contra uma equipe europeia, é muito mais difícil. Isso tem de ser valorizado. São momentos especiais que vou guardar para sempre.

Lembro que você era chamado de “bambi” pelo ex-presidente Andrés Sanchez por ter jogado por muito tempo no São Paulo. Depois de conquistar tanta coisa no Corinthians, como isso ficou?
Até hoje eu brinco com o Andrés de que o bambi aqui nunca o deixou na mão. Ele cansou de ver jogador que se dizia corintiano deixar o clube na mão. Ele fala que eu tomei um banho de sal grosso (risos). Acho que é mais ou menos isso. Hoje, não me enxergo em outra equipe que não seja o Corinthians, pelas conquistas, pela torcida, pelos familiares corintianos, filhos corintianos. Vai ser difícil desapegar. Mesmo de longe, minha torcida vai ser grande.

Pensa em voltar um dia?
Tudo o que projetei na minha vida saiu ao contrário. Não sou muito bom de projeto. Tenho que deixar acontecer. Estou muito empolgado com esse desafio. Faz tempo que o Cruz Azul não é campeão. Vamos deixar acontecer.

Como acha que será a adaptação ao novo país?
Vou trazer a família. Volto na semana que vem para ver casa, tirar visto de trabalho. Vou trazer todo mundo. Se possível, até o cachorro.

Imagina como vai ser a despedida na Arena Corinthians?
Não falamos nada sobre isso ainda. Mas só o reconhecimento de vocês (jornalistas), torcedores…os jogadores me mandaram mensagens, deixaram as portas abertas. Isso é mais importante do que qualquer homenagem.

Você é o jogador com as melhores histórias no Corinthians. Já tem alguma aí do México?
Ainda não. Só meu empresário que acha que fala espanhol, mas está falando italiano. Está muito engraçado (risos).

Quer mandar um recado para a torcida ou falar mais alguma coisa?
Quero, sim. Quero falar que preciso comer alguma coisa aqui no aeroporto, e você está me atrapalhando (risos).

Boa sorte, Fábio Santos!

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