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Diego Salgado/UOL Esporte
Jamaica na porta do CT do Corinthians: ele quer difundir o reggae e a reciclagem
O som alto invade o CT do Corinthians e mostra que o carro colorido está novamente estacionado à frente do portão principal. Como é habitual, Valdir Carvalho, conhecido como Jamaica, tenta dar um recado àqueles que passam por perto. Sem saber, passou a embalar alguns treinos do time corintiano.
A fim de difundir o reggae e a reciclagem, Jamaica já modificou completamente a estética de alguns automóveis – o modelo Del Rey 1988, por exemplo, ganhou recortes próprios, lâmpadas de led, cores da Jamaica, fotos de famosos colocadas na lataria e até uma televisão na parte de trás, além, lógico, dos potentes alto-falantes.
Com o modelo, Jamaica começou a andar pelos bairros vizinhos ao CT alvinegro, sempre a 20km/h, velocidade máxima atingida pelo carro. A viagem , dessa forma, quase sempre tem uma parada providencial no local de trabalho dos corintianos.
Em entrevista ao UOL Esporte, Jamaica disse que não fazia ideia que o som do reggae embalava alguns treinos do time de Fábio Carille. “Eu achava que não chegava até lá. Me sinto mais contente ainda agora, vou sempre colocar a música para eles. Não sabia que dava para escutar”, contou o baiano de 47 anos.
Embora não seja torcedor do time alvinegro, Jamaica mostra apreço pelo clube, que passou a treinar no bairro há quase sete anos. “Achei bom o Corinthians ter vindo, assim como USP Leste. Valorizou muito aqui”, frisou.
Outro motivo faz Jamaica admirar a equipe paulista: Tite, que ganhou um espaço cativo na lataria do carro, logo acima da porta do motorista. “Eu sempre vejo os jogadores passarem aqui. A maioria já parou para tirar foto. Gosto é do Tite. Sinto falta dele. Espero que um dia ele volte para cá ainda”, disse o motorista, que ainda cita o goleiro Júlio César, hoje no Santa Cruz, como um dos mais admirados.
Algumas partidas, inclusive, são vistas do CT, na televisão instalada no carro cortado. “Eu falo que torço para o Bahia porque o time carrega o nome do meu estado. Assisto aos jogos e torço para que tudo acabe bem”, ressaltou.
Jamaica chegou a São Paulo há 29 anos
Criado em Amargosa, sertão baiano, Jamaica chegou a São Paulo em 1988, depois de um convite do cunhado. Segundo ele, a viagem serviu para fugir da vida difícil. “Eu vivia no sertão e ia para a cidade apenas uma vez por mês. Vim para São Paulo de ônibus”, relembrou.
Na capital paulista, Jamaica começou a trabalhar em uma obra, até encontrar na reciclagem um modo de ganhar dinheiro. Atrelado ao ofício, apoiou-se na filosofia do reggae – por isso, veste-se todos os dias com roupas coloridas.