Jô adia volta e declara que desmanche no Timão já era esperado

Jô - Corinthians
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Goleador, humilde e corintiano. Mesmo do outro lado do mundo, Jô não esquece os bons momentos que viveu vestindo a camisa alvinegra. Foram duas conquistas em 2017 (Paulista e Brasileiro), além da artilharia do campeonato nacional, com 18 gols. O atacante é frequentemente lembrado pela Fiel, que sofre com uma enorme carência no ataque desde sua saída.

Artilheiro do Campeonato Japonês com 21 gols em 29 jogos, Jô vive uma grande fase no Nagoya Grampus. O brasileiro já é o atleta mais querido da equipe pela torcida local. Porém, por seu clube não viver uma boa fase na competição, ele quer mostrar ainda mais e deseja cumprir seu contrato até o fim de 2021.

Atualmente, o Nagoya Grampus ocupa a 14ª colocação do Campeonato Japonês, com os mesmos 34 pontos do Júbilo Iwata, primeira equipe da zona de rebaixamento. São 29 jogos, dez vitórias, quatro empates e 15 derrotas.

Jô foi revelado no “terrão” alvinegro e estreou no time principal com 16 anos, em julho de 2003. Retornou ao clube no fim de 2016 e marcou 25 gols em 2017. Considerando as duas passagens pelo Corinthians, ele disputou 179 jogos e marcou 32 vezes.

Em entrevista exclusiva ao LANCE!, Jô analisou o momento do Corinthians, opinou sobre o desmanche da equipe e revelou que ainda sonha com uma convocação para a Seleção Brasileira. O atacante também não escondeu o desejo de voltar ao Timão no futuro e afastou qualquer chance de jogar em um rival paulista. Confira o bate-papo com o goleador:

Segue acompanhando os jogos do Corinthians?
Quando os horários batem eu acompanho. Deixei amigos e fiz uma família no Corinthians. Sempre converso com os jogadores e procuro acompanhar todas partidas.

Momento do Timão
Muita gente não imaginava que o Corinthians estaria nessa situação, até mesmo pelo que fizemos ano passado. Porém, a equipe passou por uma reformulação muito grande, desde a comissão técnica, jogadores e até mesmo presidente. Era natural que o time não fosse tão bem nesse ano, mas mesmo assim conseguiu ganhar o Campeonato Paulista. Chegar em uma final de Copa do Brasil não é para qualquer um, mas infelizmente perdeu. No Brasileirão, por dar mais prioridade a outras competições, acabou deixando a competição um pouco mais de lado. Mas, é uma equipe com bons jogadores. Acredito que termine esse ano em uma situação um pouco complicada na tabela. Contudo, ano que vem será uma equipe mais entrosada, com uma capacidade maior e um bom treinador. É uma situação complicada e tem que abrir o olho para não transformar o ano em uma tragédia.

Desmanche
A equipe que for campeã brasileira sempre vai sofrer com desmanches. Os melhores jogadores vão receber propostas e sair. Esse ano já era esperado. O Guilherme Arana já estava acertado no meio do ano, Pablo também e eu, por ter sido o melhor jogador do campeonato. Era algo que já esperávamos. O Corinthians já sabia que isso aconteceria. Por isso tem que ter sempre um elenco qualificado e com contratações pontuais. O futebol brasileiro não tem como competir com outros mercados, pois o jogador sempre vai olhar para a sua família e pelas suas condições financeiras. Isso é algo normal dentro do futebol.

Jair Ventura
É uma boa opção no momento pelo fato de ser um treinador jovem, com boas e novas ideias. Basicamente, se parece bastante com o Fábio Carille, em termos de idade, pensamento e a vontade de mostrar trabalho. Tem uma filosofia parecida com a do Corinthians, prioriza bastante a parte tática, treina muito bem e isso é algo que certamente ajudará. O Jair vai precisar de um tempo para encaixar o time ideal e fazer o grupo render. Ainda terão peças para chegar ano que vem e ele tem tudo para melhorar a situação do Corinthians.

Carência no ataque do Corinthians
Cada um tem uma característica. A equipe do ano passado era muito bem montada e entrosada. Eu também tive minhas dificuldades no começo. Se pegar meus números no começo do ano verá que passei pelas mesmas dificuldades desses atacantes. Cheguei até a ir para o banco de reservas, mas o Carille, junto com a torcida, tiveram paciência, a equipe começou a corresponder e as coisas mudaram. No futebol tem que ter um pouco mais de paciência. Sei que a torcida do Corinthians tem uma paciência maior pelo bom ano que tivemos em 2017. O próprio Roger e Jonathas já tiveram números expressivos em outros clubes, mas ainda não se encaixaram no Timão. O meu caso foi mais rápido por já ter uma história e conhecer um pouco o clube. Acredito que eles tem tudo para ser reconhecido, assim como eu.

Retorno ao Brasil
Saudades é lógico que eu sinto. Mas, tenho contrato e acabei de sair. Profissionalmente foi um ano um pouco complicado pelo fato de minha equipe brigar na parte de baixo da tabela, mas estou gostando muito. Eu vivo uma vida maravilhosa aqui. Vou fazer de tudo para cumprir meu contrato até 2021. Depois eu não sei o que pode acontecer. É deixar meu futuro nas mãos de Deus.

Vestir a camisa de um rival
Todo corintiano de coração tem um rival e claro que hoje o rival direto é o Palmeiras. Eu não jogaria lá. Pelo fato de eu preservar muito minha família, ver a rivalidade ficar cada vez maior e violência da torcida, eu não jogaria em nenhum rival. Tenho muito respeito pela torcida e instituição do Corinthians.

Recado para a Fiel
Sempre acompanho e torço pelo time. Quando sai do Corinthians, eu e o próprio clube deixamos claro que as portas sempre estarão abertas. Eu pretendo voltar. Alguns torcedores cobram que quando voltar já vou estar velho, mas vou procurar me cuidar e tentar jogar o mais alto nível possível. Com certeza um dia eu volto a honrar essa camisa maravilhosa que é a do Corinthians.

Adaptação no Nagoya Grampus
Foi difícil no começo. Até pelo fato de entender o futebol japonês e se adaptar ao estilo de jogo local. Há uma maneira diferente de jogar aqui no Japão. Eles tem muita técnica, mas é um estilo de jogo diferente. Depois da Copa do Mundo as coisas foram ficando mais fáceis. Mas, agora que já estou me adaptando, posso dizer que estou muito feliz. Aqui tem toda as condições para a minha família e a cidade de Nagoya é maravilhosa. Não tive nenhum tipo de problema nessa questão. A dificuldade mesmo foi nos primeiros quatro meses, até eu entender melhor como as coisas funcionam aqui.

Diferença do futebol japonês para o brasileiro
É bem mais rápido. Acho até que é um pouco de defeito nessa parte, pois eles não pensam muito. A forma que eles jogam é mais corrida. Tem horas que precisamos cadenciar o jogo, usar a técnica e controlar mais a partida. Aqui é uma correria ‘louca’ durante os 90 minutos. Você chega no fim da partida até exausto e cansado. Mas, todos tem muita técnica. Desde o goleiro até o atacante, todos sabem jogar. É um futebol bem competitivo, porém muito corrido.

Adaptação em uma cultura diferente
O Japão tem o budismo como uma marca e uma certa descrença de Deus. Mas, é um país que respeita cada cultura. Aqui em Nagoya tem a mesma igreja que eu frequentava no Brasil e para mim não mudou nada. Continuo frequentando minha igreja e sigo com a vida que vivia no Brasil. É um país maravilhoso que dá todo o suporte e condições para viver bem.

Paixão dos japoneses por futebol
Eles enchem estádios, acompanham, mas não tem o mesmo fanatismo. São mais telespectadores. Os japoneses tem o costume de idolatrar os jogadores, independente da nacionalidade. Há um respeito muito grande. Tem uma cobrança, mas tudo dentro de campo. Depois que a partida acaba a nossa vida segue normalmente, independente se a situação do clube está boa ou ruim. Dou um ponto muito positivo para a torcida e isso prova que todo mundo é ser humano.

Seleção Brasileira
O futebol sempre é momento. Jogar em alto nível e fazer o seu melhor, me faz acreditar em voltar à Seleção Brasileira. Sempre será um sonho. Independente da idade, eu vou estar pensando em voltar a vestir a Amarelinha.

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