Justiça, rachas e gestão atual afetam favoritismo de Andrés no Corinthians

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  • Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians

    Andrés, entre Gobbi (esquerda) e Roberto (direita) nas eleições de 2015

    Andrés, entre Gobbi (esquerda) e Roberto (direita) nas eleições de 2015

Andrés Sanchez é considerado favorito na eleição corintiana por seu passado como presidente do clube, mas a disputa promete uma série de obstáculos para o atual deputado, que não deve ter vida fácil. O pleito está marcado para 3 de fevereiro e desafia, novamente, a capacidade política do atual deputado federal. 

Problemas com a Justiça, a perda de grande parte de sua base de apoio e a forma como se distanciou da gestão Roberto de Andrade se tornaram motivo de otimismo para os outros quatro rivais do icônico presidente corintiano de 2007 a 2011: Felipe Ezabella, Paulo Garcia, Romeu Tuma Jr e Roque Citadini são os nomes que tentam tirar o grupo Renovação & Transparência do poder após uma década de continuidade.  

Abaixo, veja os itens que afetam o favoritismo de Andrés no Corinthians:

Derrota no Conselho Deliberativo 

O primeiro sinal importante de que Sanchez já não possui a mesma força política de outrora ocorreu em outubro do ano passado, quando os sócios do Corinthians derrubaram o chamado “chapão”, que permitia ao presidente eleito ter amplo domínio sobre o Conselho Deliberativo. Andrés era contra o modelo que se constituiu para as atuais eleições, com as “chapinhas”, que necessitam de 25 integrantes. As mais votadas farão parte do próximo Conselho.  

Fora da administração

A derrota do “chapão” coincidiu com o período em que Andrés, dentro da administração Roberto, perdeu relevância. Principal responsável político pela eleição do atual presidente, Sanchez abriu a gestão com amplos poderes em diferentes setores do clube e ainda nomeado superintendente de futebol. O processo de impeachment contra Andrade, rejeitado pelos conselheiros, abriu cisão entre eles. 

Assim, membros do grupo político de Andrés pouco a pouco se afastaram da administração, como o diretor de futebol Eduardo Ferreira. Por outro lado, Roberto de Andrade passou a ter Paulo Garcia, dono da Kalunga, como o braço direito. Paulo, até poucos dias, tinha quatro integrantes de seu time em cargos chave da gestão de Roberto: Flávio Adauto (futebol), Emerson Piovesan (financeiro), Fernando Sales (marketing) e Antônio Rachid (secretário geral).

Problemas na Justiça

Se perdeu força internamente, Andrés também enfrentou desgaste externo nos últimos anos. O episódio recente em que foi denunciado por crime tributário no STF (Supremo Tribunal Federal) se soma a outros inquéritos contra o deputado federal. Um deles, inclusive, é ligado ao Corinthians: ao lado de outros dirigentes, é alvo de investigação por ter sonegado impostos ao longo de sua administração, o que também ocorreu no primeiro ano de Mário Gobbi.

Além disso, a operação Lava Jato também desgastou a imagem de Sanchez. Membro de seu gabinete, velho parceiro político e atual vice-presidente, André Luiz de Oliveira, o André Negão, é investigado pelo recebimento de R$ 500 mil durante as obras da Arena Corinthians e foi levado a depoimento. Ainda de acordo com o jornal “Folha de S. Paulo”, planilha da Odebrecht apontou o pagamento de R$ 3 milhões em propinas para Andrés, que nega a informação. 

Base política fragilizada

Se surgiu como uma grande união política para derrubar Alberto Dualib do poder, em 2007, o grupo Renovação & Transparência sofreu processo inverso nos últimos anos. As candidaturas de Roque Citadini e, principalmente, Felipe Ezabella, se escoram em membros politicamente importantes nos processos que fizeram Sanchez, Gobbi e Roberto presidentes em sequência. 

Ezabella, vice-presidente de esportes terrestres da gestão Andrés, tem a seu lado um grande contingente de outros que ocuparam cargos importantes nos últimos anos. Luis Alberto Bussab (atual diretor jurídico), Oldano Carvalho (ex-diretor de esportes terrestres), Fernando Alba e Fausto Bittar (ex-diretores da base), Raúl Correia (ex-diretor financeiro), Sérgio Alvarenga (ex-diretor jurídico) e Fábio Carrenho (diretor geral do departamento Canindé) integram esse time.

Para tentar, enfim, conseguir a presidência do Corinthians, Roque Citadini também conseguiu atrair para seu grupo uma série de seguidores de Mário Gobbi, o presidente antecessor de Roberto Andrade. Embora se mantenha neutro politicamente, Gobbi apoia Roque, com quem tem boa relação, e outros que ocuparam cargos no período da Renovação & Transparência mudaram de lado. Casos de José Max Reis Alves (ex-diretor administrativo), Carlos Ojeda (ex-diretor de patrimônio), Ronaldo Ximenes (ex-diretor de futebol) e Carlos Luque (ex-ouvidor). 

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