Lista de eleição do Corinthians tem quase mil sócios com mais de 100 anos

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  • Reprodução/Wikipedia

    Sede do Corinthians será o palco da eleição do dia 3 de fevereiro

    Sede do Corinthians será o palco da eleição do dia 3 de fevereiro

Valdir da Silva tem aniversário marcado para domingo, dia 31 de dezembro, quando completa 118 anos. Nascido em 1899, seu nome aparece em lista dos associados do Corinthians aptos a votar na eleição que definirá o próximo presidente do clube, em 3 de fevereiro de 2018. Além dele, outros 937 sócios remidos do Corinthians, segundo lista enviada às chapas que concorrerão ao pleito, têm 100 ou mais anos mas estão com os títulos em dia para a votação.

Os 8.280 sócios remidos do clube são aqueles que não pagam mensalidades, seja porque já quitaram cotas em anos anteriores, seja porque receberam o título de dirigentes por algum motivo. São diferentes dos 3.512 patrimoniais que podem participar da eleição. Esses pagam mensalidades e precisam ter pelo menos cinco anos de Parque São Jorge para participar do pleito.

Os quase mil eleitores centenários que estariam aptos a participar da eleição são tratados no clube como erro de atualização cadastral. Mesmo candidatos da oposição, como Antonio Roque Citadini e Felipe Ezabella, tratam o caso desta maneira e não avaliam uma possibilidade de fraude eleitoral.

Mesmo assim há um problema: o estatuto do clube, que teve sua última atualização registrada em fevereiro de 2017, prevê pelo menos desde 2008 em seu artigo 146 que seja feito um recadastramento de todos os sócios remidos. Isso nunca foi feito, e nem todos os candidatos na próxima eleição acham normal a lista com associados centenários.

“Eu lamento que o Conselho Deliberativo do clube não cumpriu o que consta no estatuto nas várias alterações feitas nos últimos anos. Eu solicitei por escrito que fosse feito esse recadastramento. Isso coloca em risco o que todo mundo fala, de alguém votar em lugar de associado que já morreu”, disse Romeu Tuma Jr., um dos cinco candidatos a presidente junto com Citadini, Ezabella, Andrés Sanchez e Paulo Garcia.

De acordo com Miguel Marques e Silva, presidente da comissão eleitoral, a remoção desses nomes deve acontecer antes do pleito. “Não deram baixa nessas pessoas. Mas vamos ver isso, vamos analisar, fazer uma relação e guardar para não aparecer isso lá no dia”, disse.

Procurado pela reportagem, Andrés Sanchez disse que não havia visto a lista e o assunto seria debatido por André Negão, que também minimizou o problema ao mencionar o número de sócios que de fato comparecem ao clube no dia do pleito.

“Se o sócio morrer, o Corinthians não tem como saber. Só vai saber se o cara for lá. Ele vai continuar na base de dados. O clube tem 16 mil sócios, mas só três mil comparecem. São os que realmente são ativos. Na eleição não representa nada”, ressaltou o vice-presidente do Corinthians.

A lista tem, por exemplo, 103 pessoas que nasceram em 1910, justamente o ano em que o Corinthians foi fundado. Há outras situações estranhas: Ernesto Cerri nasceu em 25 de junho de 1917, mesmo dia que se tornou sócio do Corinthians.

Ou João Freire Rodrigues Filhos, que é associado do clube desde 15 de março de 1911, cinco meses após a fundação. Entre os remidos, 108 têm no cadastro do clube justamente o endereço… do clube – Rua São Jorge, 777.

Além disso, 64 pessoas de lista nasceram no mesmo dia: 1º de janeiro de 1910, poucos meses antes do clube ser fundado no Bom Retiro, região central de São Paulo.

Busca por votos

Dos cinco candidatos, Tuma é realmente o único que teme que fraudes possam acontecer. Ezabella lembrou que há fiscais dos candidatos e do comitê eleitoral conferindo os votantes, para evitar que alguém possa votar por outra pessoa. Já Paulo Garcia lembrou que esse pedido é feito desde o pleito de 2012, quando perdeu para o Mário Gobbi, candidato da situação.

“Esse é um problema que já questionei várias vezes nas últimas duas eleições. Até o momento não foi feita uma atualização desse cadastro. Fiz uma proposta de colocar todo mundo que tem acima de 100 anos em uma urna específica e colocar um fiscal lá para ver se vai votar. Era uma saída. Isso precisa ser mudado para não ter dúvida sobre nada”, frisou Garcia.

Mesmo assim, todos afirmaram ser fundamental a realização do recadastramento. “É preciso saber quem está ou não apto a votar”, disse Ezabella.

O grande número de eleitores que aparecem nas listas e que provavelmente já morreram ou têm seus cadastros errados atrapalha, inclusive, a campanha de cada candidato que busca fazer o corpo a corpo com os associados.

“Focamos apenas nos remidos com menos de 70 anos, é com esses que você tem uma garantia que poderá participar da eleição. A maioria dos remidos do Corinthians têm entre 60 e 70 anos”, disse Citadini.

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