“Menino de ouro” do Corinthians, Maycon é superpai e filho exemplar

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  • Daniel Vorley/AGIF

    Maycon participou de todas as rodadas do Campeonato Brasileiro

    Maycon participou de todas as rodadas do Campeonato Brasileiro

Passadas 26 rodadas do Campeonato Brasileiro, o Corinthians se orgulha de seus feitos como líder. Além da vantagem de oito pontos para o segundo colocado Santos, da melhor defesa da competição, a equipe de Fábio Carille valoriza a contribuição de cada jogador do elenco. E Maycon, volante de apenas 20 anos, é colocado como exemplo de ser protagonista com pouco barulho e muito empenho.

Maycon é referência para a comissão técnica porque sabe, como poucos, captar e transmitir orientações do banco de reservas durante as partidas. Porque entende as necessidades do time até quando é substituído para o Corinthians ser mais ofensivo. Porque apresenta a luta tão estimada pelos torcedores corintianos para recuperar a bola, mas sempre com lealdade.

Assim, esteve em campo nas 26 rodadas disputadas pelo Corinthians neste Brasileirão e não recebeu nenhum cartão amarelo. Jogo limpo que deixou os advogados do clube tranquilos com o julgamento ocorrido no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) na segunda-feira passada. Contra o São Paulo, Maycon pisou no braço de Petros após cometer falta e foi denunciado pela procuradoria. 

Quem conhece Maycon, de pronto, diz que o lance havia sido acidental. E esse histórico pesou para a absolvição, mostrando que o empenho de Lilian e Alexandre para criar o filho tem dado resultado. A fama é de “menino de ouro” no Timão.

Educação vem de berço

A Zona Leste de São Paulo é uma região reconhecidamente dominada pela torcida corintiana. Não à toa a sede do Parque São Jorge, no Tatuapé, e a Arena Corinthians, em Itaquera, foram erguidas na área. Foi lá também onde Maycon cresceu, enquanto os pais Lilian e Alexandre se desdobravam para dar ao filho nascido em 15 de julho de 1997 a melhor formação possível. “Eu o criei super bem”, orgulha-se a mãe.

Reprodução/Instagram

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Lilian, Maycon e Alexandre são os Andrade Barberan

O pai sempre trabalhou de domingo a domingo, em rotina que inclusive o deixava um pouco afastado da vida de Maycon no futebol. A mãe, então diarista, sempre quis que o filho entendesse a importância de botar a mão na masse, a valorizar os próprios esforços. Nem que por meio de pequenas ações. Maycon, como hoje Carille e companhia gostam de enaltecer, entendia o recado e colocava em prática.

“Às vezes ele fazia as coisas que eu pedia meio na marra, mas fazia. Normal para uma criança. Sempre pedi ajuda na hora de secar a louça, de guardar a roupa do varal. E, assim, ele sempre foi organizado. Nunca foi de deixar as coisas dele largadas pela casa, roupa jogada no quarto. Até arrumar a cama, mesmo que não fosse todo dia (risos), ele arrumava”, narra Lilian. 

Escola é prioridade… 

Os pais de Maycon têm orgulho da forma como criaram o garoto. Principalmente porque nunca foi preciso perder tempo com grandes broncas e castigos. O filho cumpria os tratos, acatava os pedidos. Ganhava mais liberdade e, ao mesmo tempo, mais responsabilidades. “Desde os nove anos ele já treinava a semana inteira e jogava no sábado e no domingo. Então tínhamos uma troca. Se quer jogar futebol, tem que se dedicar à escola. Se sobrar tempo, joga bola”, lembra a mãe.

A fórmula deu resultado. Embora não fosse um aluno brilhante, dono das melhores notas da sala, Maycon conseguiu ser tratado como exemplo nas escolas por onde passou. O Colégio São José do Maranhão, que tinha parceria com o Corinthians para educar os atletas da base, é mais um na lista de orgulhosos com a formação do atual camisa 8 do Timão.

“Maycon sempre foi bom aluno, sempre, e nunca causou nenhum problema conosco. Era muito bem educado, tinha os pais por perto para as coisas da escola e para jogar bola. Ele não era o melhor aluno, mas sempre o apontei como exemplo porque não tinha vergonha de ir atrás quando não sabia”, conta Mauricio Castilla Garcia, antigo professor de educação física e técnico de futsal de Maycon, hoje diretor do São José do Maranhão.

A reportagem do UOL Esporte teve acesso ao histórico escolar de Maycon no colégio localizado no Tatuapé, próximo ao Parque São Jorge. O volante foi matriculado em 2010 por lá, quando iniciava o sétimo ano – a antiga sexta série. A média anual de notas era de 7,5, com destaque para o desempenho em educação física (9,5), filosofia (9,0) e Artes (8,5). Quando o assunto era língua portuguesa, porém, o garoto sofria. Beirava sempre um 6,0 em gramática e chegou a ficar de recuperação em redação.

“Nunca tive que cobrar ou ficar em cima dos estudos. Ele sabia das responsabilidade dele, que era preciso se dedicar, e nunca me deu problema. Nunca fui até a escola por alguma reclamação”, reforça Lilian. O envolvimento dos pais na formação do meio-campista foi tamanho, que Lilian acabou mudando de vida depois de acompanhar os estudos do filho. A mãe resolveu cursar pedagogia e, também no São José do Maranhão, estagiou por um ano e meio. Já formada, ela faz planos para, um dia, ajudar na educação de mais crianças.

…futebol é consequência

Arquivo/Colégio São José do Maranhão

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Carteirinha de registro de Maycon na Federação Paulista de Futebol de Salão

Por mais que o futebol estivesse presente na casa dos Andrade Barberan desde cedo, a bola não passava de um – insistente – lazer. “Qualquer coisa na vida dele era futebol. Jogando bola mesmo ou no videogame. O mundo dele era a bola, mas isso nunca foi um problema, além de uma ou outra coisa quebrando em casa”, ri a mãe, que se acostumou a concluir os jogos de fim de semana servindo a lasanha preferida do filho.

Maycon passou pelo Clube dos 30, em Arthur Alvim, e pela Portuguesa antes de ser aprovado no Corinthians. Além da parceria educacional com os alvinegros, a escola também possuía um projeto para disputar os campeonatos da Federação Paulista de Futebol de Salão (FPFS), fazendo com que o agora volante profissional tivesse a agenda lotada. Mas nunca tratando o esporte como uma obsessão, como um norte para seguir na vida.

“Nunca cornetamos ou cobramos algo do Maycon no futebol porque sabíamos que era o lazer dele. Se falasse que não queria mais, a gente concordaria. Nunca o pressionamos a ser profissional. Fluiu naturalmente, como hoje ele ser titular do Corinthians. Meu marido dava alguns puxões de orelha e eu passava a mão na cabeça, isso até o ano passado, quando ele estava emprestado à Ponte Preta. Agora acabou, ele faz o melhor dele”, relata Lilian.

Hoje, na família, os corneteiros são os tios. Um paterno e um materno, que se dividem em broncas, conselhos e mensagens de apoio para o sobrinho corintiano. O Whatsapp de Maycon fica sempre movimentado após os jogos do líder do Brasileirão. Segundo a mãe, “eles falam o que ele poderia ter feito, como poderia ter sido diferente e o Maycon escuta, aceita, explica. É muito saudável”.

Minha primeira técnica

Lilian podia ser presença garantida nos jogos do filho único na infância e na adolescência, mas não foi a única mulher presente na formação de Maycon como atleta. Nos tempos de São José do Maranhão, o então técnico Mauricio Castilla Garcia surpreendeu os garotos do sub-13 ao anunciar que não comandaria mais a equipe. O cargo seria ocupado por Thalita Moraes de Vasconcelos, então treinadora em Santo André, no ABC Paulista.

“Eles ficaram assustados, não gostaram no começo”, recorda Castilla. Thalita reconhece o susto inicial dos meninos, mas prefere sorrir com a forma como rapidamente todos a abraçaram no trabalho: “Acho que eles assustaram mais porque pensaram que eu seria boazinha. E sou muito brava. Com o tempo, passaram a me defender de árbitros ou torcedores adversários que tentavam crescer comigo”.

Arquivo/Colégio São José do Maranhão

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Maycon era o camisa 7 do sub-13 do São José do Maranhão. Rafael, o 19, e Motta, o 10

Thalita comandou um Maycon de apenas 13 anos, mas jura que já era possível desfrutar daquilo que a comissão técnica de Fábio Carille aproveita no Corinthians de hoje. “Dava para ver fundamento, inteligência e entendimento de jogo. Mesmo canhoto, sabia usar o pé direito. Não era o mais genial, mas era o jogador mais completo do time. Como já estava no Corinthians, os outros o respeitavam. Era um espelho porque corria, marcava. Nunca desistia. Essa postura fazia dele um líder”, descreve a atual comandante do 100zala, time da segunda divisão da FPFS.

“Vê-lo brilhando no Corinthians é motivo de orgulho e serve de incentivo para trabalhar e para os meninos que treino hoje. Poucos vão chegar onde ele está. É um exemplo de sucesso, dedicação, de uma família próxima. Mesmo jovem já é um destaque assim! Até meus jogadores que não são corintianos ficam empolgados quando conto que treinei o Maycon. Quero que ele venha nos visitar um dia, passar a experiência para os meninos”, projeta.

O ‘parça’

A adolescência dividida entre Corinthians e o Colégio São José do Maranhão deu a Maycon um dos grandes amigos no futebol. Matheus Motta, capitão do Juventus da Mooca na última Copa São Paulo e atualmente no Atlético Alcanenense, da terceira divisão de Portugal, era o parceiro do volante. Mauricio Castilla lembra de ver a dupla sempre junta na escola e nos treinos do São José, quase sempre acompanhada do goleiro Rafael.

“Eu e o Maycon começamos a jogar juntos ainda no sub-9 da Portuguesa. Ficamos no mesmo time até o sub-15, quando eu fui para o Juventus. Sempre foi muito gente boa, tinha o passe ótimo e marcava muito. E era muito maduro e apegado aos pais. Nossas mães ficaram amigas e se falam até hoje. A gente, até pela correria da carreira e, agora, morando em outro país, acabou perdendo um pouco o contato. Mas é um cara do bem”, confessa Motta.

Além da amizade e da carreira dos filhos, as mães de Maycon e Motta também compartilham do mesmo nome. Ou quase. “Acompanhamos os dois desde os nove anos e ficamos bem próximas. Estamos sempre nos encontrando, até porque eu frequento a clínica de estética que a mãe do Matheus (Motta) tem. E temos o mesmo nome, só que o dela tem dois ‘L'”, brinca a Lilian de Maycon.

Pai de primeira viagem

 

Tá vendo a mamãe ali ? Kk parabéns pelos 5 meses, mas obrigado por me ensinar e te amar cada dia mais ????

Uma publicação compartilhada por Maycon Andrade (@maycon.97)

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O que você fez aos 20 anos de idade? Maycon pode se orgulhar de ter quase dois anos como atleta profissional, ser titular do Corinthians, líder do Brasileirão, estar casado e ainda ser pai do pequeno Asafe Lucca. Um ano mais nova, a esposa do volante é Lyarah Vojnovic, que atendeu a reportagem por mensagem para não atrasar os preparativos da festa de um ano de casamento na última sexta-feira.

“O Maycon é um menino abençoado, não temos o que reclamar dele, acho que todo jogador tem essa vida corrida, que as vezes nem tempo para família tem, mas todos os dias ele se desdobra para estar com a gente. Ele faz o papel dele bem feito dentro e fora de campo, é um exemplo de atleta, filho, pai e esposo para os amigos e para muita gente”, admira.

Com um ano de casados, Lyarah já descobriu que Maycon não é do tipo de marido que chega em casa à espera de mordomia, de regalias. A vida de atleta não impede que tarefas da casa e da criação de Asafe sejam compartilhadas. “Ele é bem prendado e me ajuda nos afazeres domésticos. Principalmente na hora de fazer um churrasco”, elogia a esposa. Mais uma razão para a mãe do volante abrir largo sorriso de satisfação: “Olha, criei super bem mesmo (risos). Sei que é um super pai e faz de tudo pelo bebê. Fico feliz de ter criado um homem que assume suas responsabilidades”. 

No fim de setembro, Asafe Lucca completou cinco meses e Maycon, mais uma vez, ganhou boas notas. “Quando decidimos dar esse passo, tivemos dúvidas, pois eu estava apenas com 18 anos e ele com 19. Deu um pouco de medo. Mas tínhamos certeza de que nos sairíamos pela base familiar muito boa que temos”, explica Lyarah.

“O Casamento de Romeu e Julieta – Parte 2”

Reprodução/Instagram

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Alexandre, Lilian, Lyanco, Carla, Lyarah, Maycon e Marcelo em 2016

O filme “O Casamento de Romeu e Julieta” ganhou uma versão Corinthians x São Paulo graças a Maycon. Se na produção brasileira lançada em 2005, a palmeirense Julieta (Luana Piovani) e o corintiano Romeu (Marco Ricca) sofrem com as diferenças e a rivalidade no futebol para chegarem a um final feliz, o mesmo não pode ser dito sobre o casamento do meio-campista do Timão.

Lyarah Vojnovic é irmã de Lyanco, zagueiro que defendeu o São Paulo entre 2015 e 2017 e que foi vendido em abril para o Torino. Mesmo na Itália, o defensor segue interagindo nas redes sociais com a torcida são-paulina e mandando mensagens de incentivo ao Tricolor. Em casa, o pai Marcelo e a mãe Carla também se apegaram ao clube do Morumbi, mas agora precisam conciliar o carinho com o time defendido pelo genro.

“A gente tenta não misturar as situações”, conta a mãe de Maycon: “Passei fim de ano com eles no Espírito Santo, onde eles moram, e a gente fala mais de outras coisas. Sobre futebol, fica só nas piadinhas mesmo, muito saudável. Por sorte, o Maycon e o Lyanco só se enfrentaram quando meu filho estava emprestado para a Ponte. A Lyarah ficava torcendo para um fazer gol e o outro defender, era engraçado. Não queria estar na pele dela”.

No único embate entre os cunhados, Lyanco levou a melhor: o São Paulo fez 2 a 0 sobre a Ponte no segundo turno do Brasileirão do ano passado. Ambos foram titulares e, meses depois, defenderam a seleção brasileira sub-20 no Sul-Americano da categoria. O Brasil não conseguiu vaga no Mundial, mas a dupla acabou se aproximando ainda mais.

“Maycon foi um presente para nós, um cara extraordinário que temos como filho e que nos deu um presente maravilhoso. É um pai maravilhoso e um esposo que cuida da nossa filha como se fosse a gente. Na vida profissional tem brilhado, é um parceiro, um filhão. Ele respeita a família, a carreira, não tem nada que desvie a conduta dele. E o meio do futebol é muito sacana, os jovens vão perdendo o foco com coisas materiais e mulheres, mas o cara tem provado que vive o que foi ensinado pelos pais. Família é tudo e vivemos isso aqui com Lyanco e Lyarah. É um irmão para o Lyanco, são muito amigos”, diz Marcelo Vojnovic, pai do zagueiro, marido de Carla e sogro do “menino de ouro” do Corinthians.

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