Corinthians terceiriza parte da camisa. Entenda mais o acordo de R$ 30 mi

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O Corinthians terá um novo patrocinador na camisa no próximo sábado (17), quando receberá o Palmeiras em clássico válido pela 26ª rodada do Campeonato Brasileiro. A marca que vai estampar as costas dos jogadores alvinegros, contudo, ainda é um mistério. O time do Parque São Jorge vendeu o espaço que fica acima do número para a Apollo Sports Capital, fundo de capital que desembolsará R$ 30 milhões por três anos de parceria e não terá nome exposto. E esse suspense sobre quem vai aparecer no uniforme diz muito sobre o modelo não convencional da parceria.

Por que a Apollo não vai aparecer na camisa do Corinthians

A Apollo não tem um produto para vender. De forma simplificada, o que a empresa faz é oferecer uma alavanca para outras marcas. O fundo trabalha com métrica de faturamento: a partir da receita gerada por um cliente, monta uma plataforma de comunicação que aumente o rendimento e divide o excedente.

Por exemplo: uma empresa X consegue gerar R$ 10 por mês em vendas. A Apollo oferece uma alavanca, usa plataformas próprias para aumentar a visibilidade de um produto durante um período e faz com que a receita do parceiro chegue a R$ 12. Os R$ 2 de excedente são divididos entre ambos.

O futebol é apenas parte dessas ferramentas que a Apollo usa. Se for pertinente para um cliente, a empresa tem um espaço na camisa do Corinthians. O tempo de exposição também depende dessa estratégia do fundo – pode ser um jogo, um mês ou um ano, por exemplo.

O contrato também dá à Apollo uma série de propriedades que não estão na camisa. O fundo pode usar redes sociais do Corinthians ou trabalhar com o mailing do Fiel Torcedor. A escolha da ferramenta depende do que a empresa achar mais pertinente para seus parceiros.

Por que o Corinthians acha que é um bom negócio

A diretoria do Corinthians tem meta de faturar R$ 70 milhões com patrocínios de uniforme em 2016. A Caixa paga R$ 30 milhões, mesmo valor da temporada anterior, mas abriu mão de expor sua marca nas costas da camisa. Tim e Special Dog somam outros R$ 7 milhões. A Estrella Galicia, que ficou apenas com fardamentos de treino e viagem, acrescentou R$ 10 milhões.

O espaço acima dos números estava avaliado pelo Corinthians em R$ 10 milhões. Portanto, o contrato com a Apollo significa que a diretoria atingiu a meta para a propriedade. O risco ficou para o fundo, que terá de diluir esse custo entre seus clientes.

“O clube já está com risco eliminado. Já recebeu, e cabe a nós, durante cinco ou dez anos, fazer com que a propriedade também tenha retorno para o patrocinador e traga retorno de longevidade de interação. Não adianta aparecer algumas vezes no uniforme ou ter um relacionamento curto com o clube e depois desaparecer”, disse Michael Gruen, diretor-presidente da Apollo, ao UOL Esporte.

Não é para qualquer um: Corinthians pode vetar marcas no uniforme

Apesar de ter direito de usar as costas da camisa do Corinthians para expor seus parceiros, a Apollo não pode usar isso com qualquer marca. O contrato dá direito de veto à equipe paulista, que tem preferência para expor seus parceiros.

“Desde que não conflite com o segmento dos nossos parceiros e que siga o guia de marcas do Corinthians. Se ele tiver um parceiro que atue numa categoria em que temos um acordo vigente, prevalece o parceiro do Corinthians”, disse Gustavo Herbetta, superintendente de marketing da equipe alvinegra. O clube pode dizer não a marcas que tenham logotipo verde, por exemplo, ou que defendam valores diferentes dos que a equipe prega.

Nova parceira do Corinthians funciona há dois meses e diz ter até R$ 600 milhões

A Apollo é um fundo de capital que opera há pouco mais de dois meses, com investidores do Brasil e do exterior. Segundo a empresa, já foram captados R$ 120 milhões – a perspectiva deles é ter R$ 600 milhões para trabalhar no futebol brasileiro durante os próximos cinco anos. O Corinthians é o primeiro parceiro, mas há conversas em andamento com Flamengo e Internacional.

O criador da companhia é Jerry Seltzer, norte-americano de 84 anos que controla nos Estados Unidos a liga oficial de roller derby, modalidade que funciona como uma espécie de corrida entre equipes de patins.

O trabalho da Apollo é realmente necessário para um clube de futebol?

Na prática, o que a Apollo pretende fazer é usar o futebol como meio para que seus clientes vendam mais. É algo próximo do que muitas agências de marketing esportivo já desempenham, ainda que as empresas tenham naturezas diferentes, e também é um tipo de serviço que os próprios clubes poderiam assumir.

“O Barcelona tem mais de 300 pessoas trabalhando com comercial e marketing. Nenhum clube brasileiro tem isso”, comparou Gruen, que também estabeleceu diferenças entre o fundo e uma agência: “Eles vendem uma propriedade e ganham comissão. Nós compartilhamos o risco e adiantamos o dinheiro para o clube”.

Segundo o próprio Corinthians, o clube não teria estrutura ou funcionários suficientes para fazer o trabalho comercial da Apollo. Além disso, clube e fundo veem a parceria como uma chance de evitar restrições criadas no mercado por assuntos como instabilidade de gestão e falta de credibilidade das equipes.

“O futebol maltratou seus anunciantes durante um tempo. Vem aqui, estampa minha camisa, sai. Isso a gente não vai fazer. A gente quer quebrar um paradigma. A partir do momento em que eu tenho uma empresa que consegue medir conversão de resultados, posso usar isso como argumento no mercado”, finalizou Herbetta.

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