Sem rodeios, Carille trata ‘problemas’ no Corinthians com sinceridade

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Até mesmo o mais fanático torcedor do Corinthians sabe que, apesar do título paulista e de estar vivo em todas as competições que disputa, o time não tem se apresentado com atuações agradáveis, com raras exceções. É verdade que ninguém deixou de comemorar as conquistas por conta disso, mas com uma ajuda mais do que sincera dentro do clube, o olhar crítico do corintiano tem compreendido a necessidade de evolução da equipe para o restante do ano.

Esse agente disseminador de verdades é justamente o técnico Fábio Carille, que foge ao estilo do treinador padrão por diversos motivos que temos acompanhado nos últimos anos, mas uma dessas razões tem ficado evidente em suas coletivas mais recentes: a honestidade exacerbada. Nem mesmo a glória no Paulistão e a primeira vitória no Brasileiro evitaram que o comandante discursasse sobre os problemas do time em 2019.

É com essa transparência e reconhecimento da realidade que Carille tenta moldar e potencializar o grupo de jogadores do Timão à sua maneira. Neste sábado, às 19h15, diante do Vasco, em Manaus, com uma formação desfalcada e jogadores poupados, o técnico deve usar muita conversa, dentro e fora de campo para manter a competitividade também no Brasileirão. Confira abaixo alguns exemplos recentes da versão ‘sincerona’ do treinador corintiano.

PARTIDA DE IDA – QUARTAS DO PAULISTÃO – “NÃO MERECEMOS”

Corinthians x Ferroviária Carille
Carille desaprovou atuação diante da Ferroviária, na ida das quartas de final do Paulistão (Foto: Marco Galvão/Fotoarena)

Em jogo válido pelo confronto de ida das quartas de final do Paulistão deste ano, o Corinthians foi até Araraquara para enfrentar a Ferroviária. Apesar do favoritismo, o Timão viu um adversário se impor e surpreender durante toda a partida, inclusive abrindo o placar e segurando o resultado, até que Clayson aproveitou vacilo da defesa, fez jogada pelo lado esquerdo do ataque e cruzou para Gustagol empatar o duelo já nos minutos finais. O resultado, porém, não foi tão comemorado por Fábio Carille, que foi bem sincero em sua coletiva.

– Não foi um pouco abaixo, não. Foi abaixo. Fomos premiados com o empate no final, mas não jogamos bem. Temos de comemorar o resultado, levar a decisão para a nossa casa, mas sabemos que não jogamos bem. Temos de jogar mais e sabemos que podemos jogar mais – avaliou antes de completar:

– Foi abaixo. Nem sei se era merecedor desse empate. Fomos premiados em um descuido do adversário, mas não jogamos bem

APÓS CONQUISTA DO TRI DO PAULISTÃO – “TÍTULO QUE MENOS MERECEU”

Corinthians x São Paulo - Carille
Carille reconheceu que o Corinthians precisava jogar mais, mesmo com a conquista do título paulista (Foto: Marcello Fim/Ofotografico)

Muito criticado depois da segunda partida de volta da semifinal do Paulistão, quando o Corinthians teve uma atuação muito ruim diante do Santos, Fábio Carille não chegou na sala de imprensa após a conquista do título paulista com ar de soberba e procurando ‘esfregar o troféu’ na cara dos jornalistas, como é comum de outros profissionais. O corintiano, sabendo dos problemas que seu time demonstra na temporada, reconheceu que, apesar dos méritos da conquista, o Timão ficou devendo durante toda a competição.

– Precisa melhorar muito. O conjunto. Por aquela situação de jogar sem olhar. O Campeonato Paulista vale a pena sim, é difícil jogar no interior. Em outros campeonatos, você vence mas engana. O Campeonato Estadual dá casca aos jogadores. O Campeonato Paulista prepara – argumentou antes de considerar o de 2019 como seu título paulista menos merecido:

– Foi o que a gente menos merecia. Não preciso esperar a imprensa falar isso. Quantas vezes eu falei apos o final do jogo que a gente precisava jogar mais, jogar melhor? – concluiu.

APÓS 1ª VITÓRIA NO BRASILEIRO – PARTE 1 – REVELAÇÃO NA LATERAL

Foto: Daniel Augusto Jr/ Ag. Corinthians
Carlos Augusto em alta (Foto: Daniel Augusto Jr/Ag. Corinthians)

Diante da Chapecoense, na última quarta-feira, o Corinthians venceu, mas voltou a ter uma atuação ruim. Dessa forma, Carille não poupou palavras para comentar o pós-jogo e sobrou espaço até para falar de uma possível mudança na lateral esquerda de seu time, que só não aconteceu no começo do ano, pois a Seleção sub-20 tirou o jogador que era o preferido para assumir a função.

– (Carlos Augusto) É um jogador que se não tivesse a Seleção, no começo do ano, talvez o Avelar não teria oportunidade. Pela forma de trabalhar e conduzir o grupo, com certeza o Carlos começaria como titular, foi para a seleção e perdeu espaço, aí o Avelar tomou a posição – afirmou o comandante.

APÓS 1ª VITÓRIA NO BRASILEIRO – PARTE 2 – QUEDA COM VAGNER LOVE ?

Corinthians x São Paulo - Vagner Love
Carille tentou explicar os “contras” da entrada de Vagner Love no time, apesar da qualidade que ele traz (Foto: Luis Moura / WPP)

Vagner Love tem sido a primeira opção de Carille, quando mexe no time e, invariavelmente o atacante muda o cenário do jogo, como aconteceu no jogo do título paulista, em que ele marcou o gol da vitória, e na vitória sobre a Chapecoense, na última quarta-feira. No entanto, um aspecto revelado com alta taxa de honestidade pelo comandante do Timão talvez explique o porquê de a preferência por não colocá-lo no onze inicial corintiano: a queda técnica.

– Preciso de ter tempo de trabalho para ter dois atacantes dentro da área. Conheço o Love bastante. Vou insistir. Sei que quando ele está em campo o time cai tecnicamente, mas tem mais poder de fogo. Sei onde ele rende mais, mas me deu boas respostas pelos lados ou atrás do 9, como foi hoje – avaliou o treinador alvinegro.

APÓS 1ª VITÓRIA NO BRASILEIRO – PARTE 3 – “ERRAMOS NA ESCALAÇÃO”

Corinthians x Chapecoense - Carille
Carille admitiu erro contra a Chape (Foto: Marco Galvão/Fotoarena)

Por fim, a mais emblemática das declarações de Carille após a vitória sobre a Chapecoense. O comandante do Corinthians admitiu que ele e sua comissão técnica erraram no modo com que definiram o time titular que entrou em campo na última quarta-feira. Na concepção do treinador, após analisar um primeiro tempo muito ruim da equipe, o melhor a fazer era ter trocado algumas peças por conta de desgaste em decorrência da maratona de jogos. Esse tipo de reconhecimento público de erro não é comum.

– Fui muito verdadeiro com os jogadores, falei que foi um erro nosso, de programação, deveríamos ter trocado algumas peças. Você fica na dúvida, depois de três jogos, dois fizemos bem, que foi a final e a Chapecoense, o outro (Bahia) não. Foi isso, erramos, mas teríamos que enfrentar – concluiu.

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