China não seduz Luciano, que alimenta sonho olímpico: ‘Meu ano’

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Em recuperação de uma grave lesão no ligamento cruzado anterior do joelho direito, Luciano não foi procurado por qualquer clube chinês durante o desmanche recente do elenco campeão brasileiro pelo Corinthians. Mesmo que uma proposta chegasse, ele é capaz de assegurar que não a aceitaria. Tudo por causa do sonho olímpico.

Aos 22 anos, Luciano faz o que pode para acelerar sua recuperação e ter mais tempo para trabalhar até agosto, mês dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro. Sensação e artilheiro da seleção brasileira nos Jogos Pan-Americanos, ele já mostrou suas credenciais. Agora, vai tentar dar uma nova volta por cima na carreira.

– Eu estou novo, tenho 22 anos, não penso em China tão cedo. Se eu for para lá, posso esquecer a seleção brasileira. Se aparecer, não vou querer ir. Meu sonho é ganhar um título jogando aqui e disputar os Jogos Olímpicos. Estou correndo contra o tempo – admitiu Luciano.

Cinco meses depois da lesão sofrida em um jogo contra o Santos, pela Copa do Brasil (veja vídeo do lance abaixo), o atacante trabalha regularmente com bola no gramado e está em fase final de tratamento. A expectativa é de retorno aos gramados entre o fim de fevereiro e início de março. O pior já passou. Aliás, “Tudo passa”, como diz uma tatuagem gravada no braço esquerdo do jogador.

– Essa eu fiz quando tinha sofrido uma lesão no posterior da coxa. Agora, mais do que nunca, está provado que tudo passa. A lesão no joelho também passou. É ano novo, vida nova, e tudo vai se concretizar neste ano. Será meu ano – avisou o atacante.

Em uma conversa de 20 minutos com o GloboEsporte.com, no CT Joaquim Grava, Luciano relatou o sofrimento de um tratamento tão longo, mas também traçou seus objetivos para 2016: pelo menos 20 gols, um título e vaga cativa na seleção brasileira olímpica.

Confira abaixo a íntegra da entrevista:

GloboEsporte.com: Como foram suas férias? Voltou em boas condições?
Luciano: Fiquei muito tempo sem jogar futebol e ganhei um pouquinho de peso. Agora estou correndo contra o tempo enquanto os caras estão nos EUA. O Fábio (Mahseridjian, preparador físico) cobrou e falou para eu estar no meu peso normal quando eles voltarem da pré-temporada.

A ansiedade aumenta com a proximidade de voltar a jogar pelo Corinthians?
– Estou muito ansioso, chego todos os dias com vontade de treinar, queria ter ido aos EUA, mas foi melhor ter ficado por causa dessa estrutura. Todos me dizem que falta pouco. Cada dia que venho ao CT é um dia a mais que mato. Vamos tirar de letra essa fase. Logo vou voltar a jogar e fazer gols.

O que passou por sua cabeça nesses meses todos? Poderia ter sido o cara do Corinthians campeão brasileiro?
– Foi um baque muito grande, falei para meus familiares que tinha acabado tudo para mim. Todos tentaram me confortar, disseram que era só uma fase e ia passar. Poderia ter sido eu. Eu poderia ter feito mais gols. Depois daquele jogo contra o Avaí, perguntei aos colegas quantos gols o Ricardo Oliveira tinha, pois sabia que poderia chegar nele. Quem sabe esse ano eu não possa ser artilheiro do Paulista, da Libertadores ou até do Brasileiro? É tudo no tempo de Deus. Esse tempo parado serviu para eu ficar mais maduro. A lesão ficou no passado e não quero mais nem rever o lance.

Nota da redação: Luciano fez os dois gols da vitória corintiana por 2 a 1 sobre o Avaí, na última rodada do primeiro turno, e chegou a cinco no Brasileirão. No entanto, machucou-se três dias depois. Ricardo Oliveira terminou a competição na artilharia, com 20.

Como a lesão ajudou nesse processo de maturidade?
– Melhorei no aspecto extracampo. Em 2014, deixei o sucesso subir à cabeça, saí algumas vezes. Com a lesão, a tendência era fazer o mesmo para esquecer tudo. Mas fiquei em casa, procurei ouvir companheiros que passaram pelo mesmo problema, casos de Edu Dracena, Renato Augusto… Podem ter certeza de que, quando eu voltar, as pessoas vão ver outro Luciano em campo. No momento mais difícil da minha vida, tive apoio do meu pai, minha mãe, irmãs, namorada e até do meu cachorro. A partir de agora, vou jogar pela minha família.

Você viu muitos jogos pela televisão? Como foi a sensação?
– Eu ficava muito nervoso também. Gostaria de estar lá dentro. Ficar vendo jogo é muito ruim. Queria estar em campo naquele jogo contra o Vasco, do título brasileiro. Poderia estar em vários jogos daquela campanha. Mas se não foi naquele momento, agora talvez eu possa entrar e fazer um gol numa final. Vai que nesse ano acontece…

Sem o Vagner Love, negociado com o Monaco, e outros jogadores vendidos, este pode ser o seu ano?
– Quando um clube é campeão e tem grandes jogadores, o assédio é normal. Eles pensaram financeiramente. Foi bom para eles. Vou continuar jogando, eu me dei bem jogando como centroavante, tenho tranquilidade para fazer gols e espero ter a oportunidade de novo. Sem lesão alguma, vou ter uma sequência, e esse vai ser meu ano.

E se a China aparecer?
– Eles (jogadores que saíram) pensaram mais à frente. Eu estou novo, tenho 22 anos, não penso em China tão cedo. Se eu for para lá, posso esquecer a seleção brasileira. Meu foco está no Corinthians. Se aparecer algo, não vou querer ir. Só quero jogar aqui por enquanto.

Os Jogos Olímpicos ainda são um sonho?
– Sem dúvida. Em março tem convocação e estou correndo contra o tempo para isso. O Rogério Micale (técnico interino da Seleção Sub-23) sabe do meu potencial pelo que fiz nos Jogos Pan-Americanos, então espero estar nessa próxima convocação e também nos Jogos. Estou trabalhando para isso.

Nota da redação: Micale é técnico do Sub-20 e dirige a Seleção de forma interina. No Rio de Janeiro, Dunga será o comandante do Brasil.

As saídas de titulares foram ruins para o clube, mas acabam te beneficiando?
– Foram ruins para o clube, sim. Se continuássemos com o mesmo time do ano passado, seria difícil nos segurar. Seríamos candidatos sérios à Libertadores. Para mim foi bom, claro, mas se chegar algum atacante vou ter de trabalhar do mesmo jeito para conquistar meu espaço. Tem Danilo, Romero, comigo não vai ser diferente. Quero ser titular e não dar brecha.

Com o atual time também dá para brigar pela Libertadores?
– Sim. o Corinthians entra em todas as competições para lutar por títulos. O período nos EUA e alguns jogos do Paulista antes da Libertadores serão essenciais para o entrosamento e para retomarmos o ritmo. Ano passado também perdemos um jogo no Torneio da Flórida, depois subimos de produção. Temos condições de brigar por todas as taças.

O Pato tem lugar nesse time?
– Ele é um cara muito humilde, gente boa. Conversamos muito, mas não sei o que vai se resolver. Espero que seja o melhor para o Corinthians e para ele. Aqui dentro todo mundo gosta do Pato. Se ele ficar, será muito importante para o Corinthians.

A permanência do Tite é um alento para o elenco?
– Ano passado, muitos jogadores estavam desacreditados, e o Tite conseguiu resgatá-los. Conseguiu dar aquele “up” no time. Acho que ele vai conseguir de novo.

Você tem 23 gols em 70 jogos pelo Corinthians, uma marca considerada boa. Você traça metas para 2016?
– Quero ser o artilheiro da arena. Eu e o Guerrero estávamos no páreo, veio o Tite e eu não estava jogando, o Jadson me passou também. Já no Paulista vou fazer esses cinco gols, passar o Guerrero e fazer história.

Nota da redação: Luciano tem dez gols no estádio alvinegro, contra 15 do centroavante peruano, jogador que mais marcou no local.

E meta de gols, você tem alguma?
– Minha meta é ganhar títulos no Corinthians, e aí passar dos 20 gols. Esse ano vou passar dos 20 gols, contando com a Seleção. Quando eu chegar nos 20, o que vier é lucro. Então fica assim: títulos e 20 gols.

As tatuagens já passaram de 20?
– Acho que já, mas quero fazer mais algumas, fechar o braço, tampar a cicatriz do joelho. Vamos ver…

Tem alguma preferida?
– Tem. Eu fiz essa no braço com a inscrição “Tudo passa”, quando tinha sofrido uma lesão no posterior da coxa. Agora, mais do que nunca, está provado que tudo passa. A lesão no joelho também passou. É ano novo, vida nova, e tudo vai se concretizar neste ano.

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