Tetra pelo Corinthians, preparador diz: ‘Em 2015, jogamos por amor’

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Técnica e tática foram determinantes para o Corinthians faturar o Campeonato Brasileiro em 2015, mas é muito provável que nada teria sido possível sem o fôlego apresentado pelo elenco do início ao fim da temporada. E o maior responsável por isso é um especialista. Não só em condicionamento físico, mas também em levantar taças.

Dos seis títulos brasileiros do Timão, quatro contaram com a participação de Fábio Mahseredjian. O profissional, que também atua na Seleção, foi decisivo novamente este ano, mas minimiza a sua participação. Em entrevista ao LANCE!, ele destacou o empenho do grupo de jogadores e o trabalho de Tite e dos demais membros da comissão técnica.

“Mesmo com os direitos de imagem e algumas premiações em atraso, os atletas não deixaram isso afetar ou transparecer, eles foram empenhados com a instituição o tempo todo. Em 2015 se jogou por amor, satisfação, por gostar do clube”, disse.

Além dos quatro Campeonatos Brasileiros pelo Corinthians (1999, 2005, 2011 e 2015), Mahseredjian acumula mais de uma dezena de títulos não só pelo Timão, como por outras equipes. No entanto, ele não esconde nem nega a identificação maior com o clube de Parque São Jorge, no qual está em sua quarta passagem.

Dentre as taças, porém, não há uma predileta. O discurso motivacional que utiliza com os atletas é o mesmo que adota nas entrevistas:

“Todas as marcas são importantes, mas não ganho nada sozinho, há uma equipe por trás. Tenho muitas conquistas aqui, isso me deixa envaidecido, mas isso não pode tomar conta da gente. Sabe qual o maior título da minha carreira? O próximo!”

Para seguir vencendo, Mahseredjian busca se aperfeiçoar constantemente, por meio de cursos e da leitura frequente. Além disso, conta com um aliado de peso: Tite. O treinador consulta o preparador para decidir a programação de treinamentos, escalar o time e raramente se opõe a algum pedido ou orientação dele.

Os atletas também cooperam, inclusive ouvindo as instruções de Mahseredjian para não saírem muito da linha durante as férias.

Apesar do currículo repleto de conquistas e do status de “craque”, o preparador físico não se vê como mais um astro do Timão. E usa uma metáfora cinematográfica para exemplificar o que pensa:

“Se fosse um filme, o diretor seria o treinador, e os atores os jogadores. Eu, os médicos e outros profissionais somos atores coadjuvantes, que também disputamos o Oscar. Sem nós não existiria filme.”

Rodado, Fábio Mahseredjian já passou pelos quatro grandes paulistas

Militando há quase 30 anos no futebol, Mahseredjian já passou por boa parte dos grandes clubes brasileiros. Só em São Paulo ele atuou nos quatro grandes do estado. No Rio, ele só não passou pelo Botafogo.

Pela Seleção, participou da Copa do Mundo de 2010 e retornou ano passado, quando Dunga reassumiu o comando do time canarinho.

Dentre as conquistas, o Mundial de Clubes de 2012 foi o título de maior expressão da carreira do preparador físico, que deixou o Timão juntamente com Tite em 2013 e retornou no início desta temporada.

“A gente acaba se apegando aos clubes nos quais conquistou mais títulos. No Internacional eu participei de seis títulos, gosto muito do clube e das pessoas de lá. Por outro lado, gosto muito do Grêmio, o vestiário lá é maravilhoso, mas a identificação com o rival é grande. Aqui no Corinthians é igual. No Santos venci a Copa Conmebol e o Torneio Rio São Paulo. No São Paulo, faturei um Supercampeonato Paulista… Em resumo, os títulos no Corinthians e no Inter foram mais valiosos, então é normal ter um pouco mais de carinho por esses clubes por conta disso”, comenta.

Confira a entrevista com o preparador:

Em quanto você avalia a sua participação na conquista do hexa?
É difícil falar em percentual. Acredito que é só mais um fator que colabora para o sucesso. Se tem um preparador físico que não se dá bem com o treinador e que sobrepõe carga de trabalho, é claro que não vai ter sucesso. Isso acaba intervindo diretamente no caminho do sucesso.

Mas cada vez mais a preparação física ganha importância, não?
Sim, desde que ande de mãos dadas com o treinador. O papel fundamental ainda é dos treinadores e jogadores. Hoje em dia se fala muito em intensidade. Mas se você realiza trabalho intenso sempre, trava o time, não consegue recuperar a equipe… tem de equilibrar as situações.

Como é a sua rotina de trabalho e a relação com o Tite?
No fim da semana a gente monta a programação da semana seguinte. Eu mostro para o Tite, para que ele execute o trabalho em cima disso, equacionamos juntos. Eu falo: “Vou fazer assim na terça, aí você encaixa o seu”. A palavra final é sempre dele. Uma vez um treinador me disse que se o time estivesse bem preparado fisicamente até o presidente poderia ser treinador. Eu respondi: “Então tem alguma coisa errada, vou ganhar o seu salário e você ganha o meu” (risos).

Você esteve em quatro títulos brasileiros do Corinthians, Mundial, Libertadores… Qual a diferença do elenco atual para os outros?
É um grupo muito amigo. Não que isso tenha feito ser campeão, já trabalhei em times assim que não foram campeões. Mas não é só essa a questão. Eles compraram a ideia!

Já prepara alguma novidade para 2016 ou isso só em janeiro?
Ainda não. Mas entre setembro e outubro deste ano tivemos mais problemas musculares. Queremos melhorar isso para o próximo ano.

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